Um esforço coletivo
do congresso nacional, em consonância com o governo Dilma, construiu durante
essa semana uma grande vitória para a educação brasileira: está finalmente
aprovado o PNE, Plano Nacional de Educação, que prevê um moderno modelo de
organização e gestão, mas principalmente assegura que, em dez anos, o
percentual do PIB (produto interno bruto) aplicado nessa área por todos os
governos – federal, estaduais e municipais – seja de 10%, patamar jamais
alcançado no Brasil.
O sistema público de
educação no país recebeu em 2011 cerca de 5,5% do PIB em investimentos. Ou
seja, objetivamente, o PNE aprovado obriga os governos a dobrarem os
investimentos na área até 2023. Em números atuais, se estivéssemos em 2023
hoje, com um PIB de aproximadamente 2,2 trilhões de reais, seriam mais de 220 bilhões
para investimentos – muito mais do que os 98 bilhões destinados em 2010.
Mais do que
investimentos, o PNE estabelece ainda a ordem. Prevê a garantia de vagas para
pelo menos 50% de todas as crianças que tenham até 3 anos de idade,
universalizar o acesso à pré-escola para as crianças de 4 a 5 anos de idade, e
a criação de planos de carreira para os professores da rede pública, tomando o piso
profissional nacional como base. Além disso, escolas deverão se submeter a metas
de qualidade, que englobam itens como estrutura física, qualificação e
capacitação do quadro de professores, corpo técnico assistente, material
didático e aplicabilidade dele, dentre outros. O MEC, junto aos conselhos
estaduais e municipais de educação, além das secretarias de educação serão os
responsáveis pela fiscalização desses itens.
O Brasil luta há tempos
para resolver esse problema, um dos seus maiores empecilhos rumo ao
desenvolvimento. Existe por aqui um secular desinteresse com a melhoria da
qualidade do que ensinamos às nossas crianças e jovens. A mais latente delas é
notória: com cidadãos menos informados, é mais fácil instituir um sistema de
dominação, a partir da ignorância teórica e da falsa ilusão de uma “democracia”
plena. Dessa forma, nos rincões do Brasil varonil, o pensamento retrógrado
ainda persiste em romper com essa regra, claro, em nome do poder.
Nesse sentido, o PNE
é um passo definitivo do Brasil moderno contra o Brasil oligárquico. Instituindo-se
regras, desburocratizando os processos e dinamizando a distribuição dos
recursos, a federação reduz o impacto oligárquico do poder local. Com fiscalização
permanente e efetiva dos gestores e da sociedade civil, a chance de um “prefeitchinho”
meter a mão no dinheiro público reduz-se a quase nulas.
O Brasil dá um dos
mais importantes passos para a formação de um novo país, com um modelo de
educação em outro patamar. Para isso, criar condições materiais e de estrutura
é essencial – e estabelecido em lei os 10%, nossos governantes afirmam, pelo
menos em tese, vontade política para que isso aconteça.
A história dirá, no
futuro, o benefício dessa ação. Paulo Freire e Anísio Teixeira, se entre nós
ainda estivessem, ficariam felizes em participar desse momento.
* Com informações dos portais folha.com,
uol.com.br e vermelho.org.br
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