José de Abreu é um dos mais
talentosos e polivalentes artistas de sua geração. Em sua carreira como ator,
já participou de inúmeros trabalhos para a TV e também cinema e teatro. É do
tipo que não se contenta em fazer o óbvio: em novelas, além do atual catador de
lixo que interpreta no horário nobre da Rede Globo, já foi guru indiano,
professor e homem traído, só pra citar os mais recentes.
Abreu não é um homem
convencional também em sua vida pessoal. Enquanto os novos globais de primeira
linha fazem sua primeira visita a New York City, Tóquio ou Paris, nas últimas
férias ele visitou, dentre outros destinos, Jordânia e Irã. Enquanto os mesmo
novatos estão quebrando a cabeça decorando textos ou dormindo na madrugada, Zé
está interagindo com seus seguidores nas redes sociais – quase de forma
onipresente, diga-se.
O principal assunto do ator
nas redes? Política. Abreu foi um dos maiores entusiastas da campanha de Lula à
presidência, e defendeu com firmeza seu governo durante os oito anos de
mandato. Ato contínuo, estava na linha de frente da campanha de Dilma,
comemorando bastante sua vitória, nas mesmas redes sociais. Repete aos
críticos, quase sempre, que não é filiado ao PT ou tem cargo público, milita
apenas pelos seus sonhos e convicções.
A mais emblemática frase de
Zé nas redes é a seguinte: “Dilma é Lula, Lula é Dilma”. Quase como um mantra,
escreve esses dizeres no twitter sempre que algum opositor de Dilma ou Lula lhe
solta o veneno, insinuando que a presidenta segue uma linha diferente da de seu
antecessor e padrinho político. Por mais que algumas vezes o fato pareça mesmo
aos olhos de todos a ruptura da atual com o antigo, lá está Abreu a escrever
quantas vezes forem necessárias: “Dilma é Lula, Lula é Dilma”.
Esta semana, de forma
absoluta, a presidenta confirmou a veracidade da frase-mantra de Zé. De forma
matadora, Dilma respondeu ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que em
artigos estampados em grandes jornais, afirmou, de forma categórica, que Dilma
recebera de Lula uma “herança pesada”, resultado da crise ética que se instalou
no partido da presidente, a partir do julgamento do chamado “mensalão”.
Para defender e mostrar seu
respeito por Lula, a presidenta poupou elogios; numa nota curta e objetiva,
desferiu uma saraivada de adjetivos nunca antes proferidas com tanta
propriedade a FHC. Sobre o Brasil, Dilma afirmou que “Não recebeu um país sob intervenção do FMI
ou ameaça de apagão” – referência direta aos quase 700 bilhões de dívida
deixados pelo tucano, bem como à sobrecarga energética pela qual passou o país
no fim dos anos 90.
Sobre Lula, a presidenta não poderia ter sido mais enfática: “Um
democrata que não caiu na tentação de uma mudança constitucional que o
beneficiasse”. FHC, ao final de seu primeiro mandato, recorreu a uma emenda
constitucional muito criticada na época, que garantiu a ele próprio mais quatro
anos de governo. Há denúncias comprovadas de que houve um super-esquema de
compra de votos nesse processo, que gerou, dentre outros documentos, o livro “A
Privataria Tucana”, do jornalista Amaury Ribeiro Junior.
Por fim, Dilma arremata: “não reconhecer os avanços que o país obteve
nos últimos dez anos é uma tentativa menor de reescrever a história”,
redimensionando a números reais o tamanho de FHC na história. Um presidente
cujo maior legado foi quebrar e endividar o país por duas vezes, aprofundando
um modelo neoliberal moribundo e fracassado, dando ao Brasil a face de um
dependente terceiro mundo.
Depois de sucessivas trocas de ministros e crise junto a alguns
partidos da base aliada, houve quem acreditasse que Dilma imprimia um novo
modelo de governar, rompendo a parceria com Lula e seu modus
operandi,
dando o seu rosto a essa nova fase. A presidenta, com essa pequena e simbólica
nota, vai mostrando que apesar da cara e atores diferentes, o projeto de país
que quer construir foi idealizado com os mesmos sonhos do sindicalista que
mudou a história, reconhecido mundialmente como um dos grandes homens do século
21.
Parafraseando o grande José de Abreu, polivalente artista brasileiro,
“Dilma é Lula, Lula é Dilma”. Para que os brasileiros e um desmoralizado FHC
nunca mais duvidem.
Para ler a nota da presidenta Dilma na íntegra, clique aqui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário