quarta-feira, 28 de março de 2012

A derradeira sobre o CQC


Na velocidade das redes sociais, se espalhou rapidamente pelo estado o mais novo acontecimento vergonhoso na política alagoana: a "performance" dos nossos deputados estaduais no humorístico CQC, apresentado na última segunda feira (26) na TV Bandeirantes. O programa mandou à assembleia o seu mais novo - portanto, menos preparado - repórter, Ronald Rios, adquirido pela equipe de Marcelo Tas a partir de gracinhas exibidas na internet.

No entanto, mesmo jovem e imaturo no assunto, Rios fez um tremendo estrago na nossa assembleia legislativa. Apoiando-se em apenas dois ítens do nosso vasto catálogo de escândalos políticos - o sumiço de 5 milhões destinados a uma biblioteca e a suposta falta de papel higiênico nos banheiros coletivos da casa - o repórter conseguiu arrancar mais do que declarações inusitadas dos nossos deputados: por pouco, não leva na lembrança um olho roxo, resultado da tentativa de agressão do deputado Olavo Calheiros (PMDB).

Como um sujeito recém saído do quintal de casa, onde fazia vídeos amadores engraçadinhos, carinhosamente chamado pela bancada do CQC de "bebezão", consegue fazer um reboliço tão grande numa casa legislativa, onde estão teoricamente os políticos mais bem preparados do estado? A resposta nos grita: nossa ALE é uma piada. Nossos deputados estaduais, além de já conhecidos pelos desvios de ordem ética, também são psicologicamente despreparados. Não sabem lidar com o contraditório, talvez por nunca terem exercido esse direito em algum debate nas tribunas da casa. Houve um deputado, recentemente falecido, saído do agreste alagoano, que em 8 anos de assembleia não fez um único discurso.

Um dos deputados, conhecido como escritor de causos no interior, afirmou comprar votos - tamanha a certeza da impunidade da casa de Tavares Bastos, que apesar de secular, mal tem uma comissão de ética, ou qualquer órgão semelhante. Outro parlamentar, de muitos mandatos em Brasília, por pouco acerta o rosto do repórter - uma cena tão surpreendente quanto absurda, quando acontece fora de um ringue de lutas.

Outro barulho causado pelas gracinhas de Rios na assembleia ocorreu na imprensa local. Nossos veículos de comunicação não têm autonomia jornalística para fazer o que o CQC fez? não temos profissionais capacitados para esse trabalho? a primeira opção é a mais provável. Temos bons jornalistas calados por uma imprensa dependente de seus padrinhos políticos, subalterna a um programa nacional que diga o que os alagoanos têm vontade de expressar.

Infelizmente, com essa atual linhagem de parlamentares em ação, continuaremos vendo descalabros semelhantes ainda por um tempo. Bom se fosse produto de um imprensa local realmente livre. Bom mesmo se tivéssemos uma nova geração de homens públicos, melhores psicológica e políticamente.

2 comentários:

  1. Não serei nada saudosista meu caro amigo Luciano Amorim mas ao sair de Alagoas para estudar consegui ver uma realidade trsite, alagoas é um estado esquecido pelo país e não é por preconceito e sim por causa da política. A mais miserável das cidades do país, excluindo as de alagoas, estão apresentando algum tipo de evolução nos últimos anos. Ao contrario dos brasileiros que voltam ao Brasil porque aqui esta melhor de ganhar grana do que nos USA os alagoanos não voltam nem a pal para Alagoas. O que mais vejo em São Paulo são (nordestinos) taxistas, vendedores e etc voltando para sergipe, pernambuco, Paraiba e etc mas acredite não se ver um Alagoano querendo voltar. Quando se fala em alagoas, fala-se das praias de um povo acolhedor da culinaria, mas quando se fala da política alagoana só se resta o silêncio. Dizem que o Rio e São Paulo é perigoso eu não acho isso, a passagem de onibus aqui custa 3 reais e te digo com total certeza vale a pena. Em Maceió eu nunca tive tanto receio de andar nas ruas, a relação valor da passagem de onibus versos qualidade do serviço é vergonhosa esses são apenas dois exemplos da consequência da politicagem de alagoas. Sinceramente eu perdi as esperanças. Ass. Cristiano Prestrelo

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    1. Caro amigo Cristiano, infelizmente tenho que concordar em gênero e grau com você. Maus políticos tem feito esse estado andar pra trás, o que desacredita e desanima ainda mais o alagoano - tanto os de fora, como você, quanto os daqui.

      Resta a nós, que aqui permanecemos, não desistir. As eleições vem aí, é mais uma oportunidade de mudar.

      Obrigado pela interação, grande abraço!

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