Manifestação contra Yoani em Salvador: democracia para os dois lados (foto: Margarida Neide - Ag. A Tarde) |
Em pelo
menos um ponto, todos concordamos: a presença no Brasil da jornalista e
blogueira cubana Yoani Sánchez causou um rebuliço muito maior do que qualquer
dos lados envolvidos com sua visita imaginaria. Pelos fóruns online e off-line
país afora, não se fala de outro assunto.
Há um
aspecto que a blogueira ajudou a reforçar, em que pese sua ferrenha oposição ao
governo cubano. Yoani reafirmou a importância da revolução socialista – apesar
de dita por alguns como arcaica e ultrapassada – e o peso estratégico de Cuba
no cenário internacional. Do contrário, não haveria tantas manchetes e
estardalhaço em torno da visita de uma cubana ao nosso país – menos pelo que
ela é (uma jornalista mediana e de pouca importância) e mais pelo que
representa.
O
curioso tem sido a reação de setores do mais convicto conservadorismo às
manifestações contrárias a Yoani. É uma lógica confusa: os reacionários
reconhecem e reivindicam o direito de livre expressão da blogueira cubana fora
de seu país, mas criticam violentamente brasileiros que levantam a voz contra
seu discurso. Vale a democracia para Yoani, mas não vale para os jovens que
protestam? Como assim?
Se por
um lado vejo setores da esquerda claramente exagerando na dose, por outro vejo toda
uma nova geração de fascistóides, em seus devidos espaços na mídia local e
nacional, classificando aqueles que também exercem seu livre direito de
expressão como “idiotas”, “moleques” e “gente perigosa e intolerante”.
Outro
aspecto que os “especialistas” preferem esquecer: como uma simples blogueira,
desempregada e “sofrendo retaliações” por parte do governo cubano, financia uma
turnê por doze países com casa, comida e roupa lavada, para ela, marido e
filho? Haveria uma relação, digamos, prostituída entre ela, a SIP (Sociedade
Interamericana de Imprensa, espécie de clube privé dos magnatas da mídia) e o
Instituto Millenium (Ong ligada às Organizações Globo, do qual é citada no site
como “especialista”)?
Esses
“moleques idiotas”, caros especialistas, são só adolescentes que se arriscam na
contramão da lógica estabelecida, querendo debater e ser protagonista política,
enquanto a maioria prefere saber do último capítulo da novela. Não há nada de
“perigoso e intolerante” nisso.
Reconfortante
saber que, mesmo contra essa nova onda de apolitização que ronda o Brasil, onde
até novos partidos optam por esconder de seus futuros eleitores (sob o
eufemismo de “rede”) o que realmente são, jovens procuram e expressam
democraticamente o contraponto político de Yoani.
Viva a
revolução cubana, que mesmo após 54 anos, ainda serve de combustível a essa
garotada.
eu mesmo fiz um comentário criticando quem apóia os castro e execra yoaní, mas as críticas mais pertinentes foram relacionadas à violência de alguns protestos, como o da chegada, em recife.
ResponderExcluirquanto à importância da revolução socialista: é claro que será dada importância ao regime que mais matou gente no século XX